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Zoonose de gatos: Professora de Medicina Veterinária explica sobre a Esporotricose


Zoonose de gatos: Professora de Medicina Veterinária explica sobre a Esporotricose

Muito se fala sobre a leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, zoonose que atinge cachorros e seres humanos e pode até levar à morte. No entanto, outra zoonose pouco conhecida pode incomodar muito humanos e animais: a esporotricose. Ana Caroline Ciríaco, coordenadora do Centro de Medicina Veterinária da Unifametro, explica sobre as formas de transmissão, tratamento e prevenção da doença que, diferente da leishmaniose, costuma acometer os gatos.

De acordo com a especialista, a esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix schenckii, fungo saprófita que habita a natureza estando presente no solo rico em matéria orgânica (vegetais, madeira, palha, espinhos). A transmissão ocorre quando o homem ou o animal tem contato com o solo contaminado com o fungo. Segundo ela, animais contaminados também podem transmitir através de mordedura ou arranhadura, principalmente os felinos, mas a transmissão não ocorre de pessoa para pessoa. Confira a entrevista:

Como ocorre a transmissão da esporotricose?

Ana Caroline Ciríaco: A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix schenckii, fungo saprófita que habita a natureza estando presente no solo rico em matéria orgânica (vegetais, madeira, palha, espinhos). A transmissão ocorre quando o homem ou animal tem contato com o solo contaminado com o fungo. Animais contaminados também podem transmitir através de mordedura, arranhadura, principalmente felinos. Não ocorre transmissão de pessoa para pessoa.

 
Como a Esporotricose pode chegar a minha casa?
Ana Caroline Ciríaco: É uma doença considerada comum em jardineiros e agricultores e pessoas que tem contato com plantas e solo em ambientes naturais onde o fungo pode estar presente. Médicos veterinários e tratadores de animais também podem ser acometidos por contato direto, arranhaduras e mordeduras de animais contaminados. Desta forma, indivíduos que tem essas ocupações tem maior chance de serem acometidos.
Quais os sintomas? Como se manifesta?
Ana Caroline Ciríaco: No homem é caracterizada por lesões ulcerativas na pele de difícil cicatrização. As primeiras lesões ocorrem geralmente nos membros, principalmente braços. Nos animais as lesões iniciam geralmente na cabeça e podem se espalhar por todo o corpo. São feridas crostosas de difícil cicatrização e que geralmente não respodem a tratamento com antibióticos e costumam evoluir rapidamente.
 
Como é feito o diagnóstico?
Ana Caroline Ciríaco: O diagnóstico em humanos e animais é realizado por meio da colheita de amostras da lesão e exames laboratoriais. Para diagnóstico da esporotricose animal um médico veterinário deve ser consultado para que seja realizado o exame físico e dermatológico.
Como tratar?
Ana Caroline Ciríaco: Por ser tratar de uma doença causada por fungos o uso de antimicótico por via oral é o tratamento de escolha tanto para humanos quanto para animais. A duração do tratamento é considerada longa podendo durar meses. O tratamento em animais somente deve ser realizado com acompanhamento por médico veterinário.
Como prevenir?
Ana Caroline Ciríaco: Por se tratar de uma zoonose, para evitar a esporotricose é necessário um conjunto de medidas preventivas relacionadas a humanos e animais. Em caso de suspeita de infecção humana, a pessoa deve ser encaminhada aos serviços médicos de saúde. Indivíduos com ocupações de risco (jardineiros, agricultores, veterinários e tratadores de animais) devem usar luvas e máscaras e procurar assistência médica caso apareçam feridas na pele.

A castração de felinos saudáveis é considerada uma medida preventiva para a esporotricose animal evitando que os animais saiam de casa e venham a se contaminar. Além disso, o acompanhamento periódico com médico veterinário é essencial para garantir a saúde do animal.

Os animais infectados devem ser tratados e mantidos isolados em ambiente seguro, sempre limpo e desinfetado. O manuseio do animal durante o tratamento deve ser realizado utilizando luvas e máscara. Os animais acometidos nunca devem ser abandonados, maltratados ou eutanasiados, pois existe tratamento e cura para a doença tanto em animais quanto em humanos, não sendo considerada grave. Além disso, assim como nós os animais também são vítimas do fungo que habita o ambiente.