

Mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que representa uma a cada 100 mortes registradas. De acordo com a psicóloga Karen Crisóstomo, professora do curso de Psicologia da Unifametro, é possível identificar e prevenir o início de um comportamento suicida estando atento às diversas manifestações do sofrimento, tanto em comportamento, quanto em falas. Confira a entrevista:
Os jovens são mais propensos ao suicídio?
Karen Crisóstomo: Os jovens têm como características do seu período de desenvolvimento uma maior vulnerabilidade emocional, por não ter maturidade frente a experiências vividas. Isso aponta para uma maior probabilidade de não saber lidar com o sofrimento, e muitas vezes ter dificuldades em compreender os momentos de sofrimento. Por isso é importante cuidar da saude mental principalmente desde a infância, para que esse jovem possam aprender a buscar ajuda sempre que necessário.
Quais comportamentos podem indicar que uma pessoa está com pensamentos suicidas?
Karen Crisóstomo: É importante lembrar que cada pessoa irá lidar com os sofrimentos de maneiras diferentes e diversas, portanto é fundamental que se possa estar atento aos comportamentos que indiquem, por exemplo: mudanças de humor, preferência por se manter isolado, perda de interesse por coisas que antes se tinha interesse, falas depreciativas (“sou inútil”, “se eu morrer ninguém sentirá minha falta”, “a vida não tem sentido”), aumento do uso ou início do uso de drogas.
Isso aponta para a necessidade de estarmos atentos às diversas manifestações do sofrimento, tanto em comportamento, quanto em falas.
Quais ações podem ser tomadas para evitar que alguém pratique o ato?
Karen Crisóstomo: Precisamos saber que o suicídio é um fenômeno multicausal, isto é, não existe um motivo específico que seja um fator que explique ou justifique o suicídio.
A prevenção do suicídio é possível ao passo que abrimos espaço de fala na família, na escola, nos meios de comunicação para desmitificar os diversos tabus em volta do tema.
Também podemos prevenir ao ensinar crianças e jovens que falar sobre seus sentimentos é importante sim, e que ao menor sinal de sofrimento, possa buscar alguém de confiança.
Outro ponto importante é verificar se com o suporte da escola, familiares, amigos essa pessoa conseguirá obter ajuda. Caso se perceba que os pensamentos voltados para a morte ainda persistem, procure ajuda profissional o mais rápido possível. Os profissionais indicados são psicólogos e psiquiatras.
Existe uma relação entre depressão e suicídio?
Karen Crisóstomo: A depressão pode ser um fator de risco para o suicídio, mas não são apenas pessoas diagnosticadas com depressão que pensam ou tentam suicídio.
Como a depressão é um transtorno mental, ou seja, não há cura, existem comportamentos que se intensificam nos momentos de crise. Um desses comportamentos é o humor deprimido, no qual a pessoa não consegue realizar atividades cotidianas, como por exemplo, realizar a higiene básica, ou até mesmo se alimentar.
Nesses momentos de intenso sofrimento da pessoa com depressão, por vezes, a ideação suicida, ou até mesmo o planejamento e por fim o ato do suicídio, podem estar presentes. Por isso, é fundamental que essa pessoa receba o acompanhamento adequado de psicoterapeuta e psiquiatra, para que receba tanto o suporte terapêutico, quanto medicamentoso.
Além do suporte profissional, a rede de apoio dessa pessoa precisa ser orientada a como agir nesses momentos, para que possa dar o suporte necessário, visando os cuidados à saúde mental dessa pessoa em adoecimento psíquico.